sábado, 8 de janeiro de 2011

Amor Vivo

AMAR!mas d' um amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos harpejos,
Não sejam só delírios e desejos
D'uma doída cabeça escandecida...

Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser- e não só beijos
Dados no ar- delírios e desejos-
Mas amor... dos amores que têm vida

Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névoa da vaga fantasia...

Nem murchará o sol à chama erguida...
Pois quem podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores.. se têm vida?

                                                            Antero de Quental

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